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Galinhas vivem em condomínio de luxo em Santa Teresa

Agronegócio - Cooperativismo - Notícias - Santa Teresa - 22 de novembro de 2017

Conforto, comodidade, segurança, automatização, itens essenciais para um condomínio de luxo. Galinhas vips desfrutam de tudo isso e mais um pouco no condomínio avícola que fica em Santa Teresa. Sim, é isso mesmo: um condomínio para galinhas! As “regalias” garantem a produção de ovos de excelente qualidade.

O ambiente é climatizado, as luzes acendem e apagam no horário programado, automaticamente. As galinhas dormem das 19h às 3h da madrugada. Comida e bebida são “all inclusive”: as esteiras passam 18 vezes por dia repondo a ração e a água está sempre fresca. A entrada no local é controlada, para garantir o máximo de silêncio e tranquilidade. Se a galinha passa por algum estresse, isso é refletido no ovo, que vem diferente ou não vem naquele dia.

Funcionários da cooperativa selecionam os ovos produzidos no condomínio.

São 100 mil galinhas por galpão. Cada galpão abriga quatro “prédios” de seis andares, com 12 aves em cada “apartamento”. Por fora existem armadilhas e telas para evitar a entrada de insetos e roedores. A estrutura do condomínio foi toda pensada para deixar o ambiente arejado, fresco e claro. O teto é bem alto, com saídas de ar e sistema de irrigação para manter a temperatura. Todo dia o granjeiro olha cada gaiola, faz vistoria nas galinhas e verifica se há algo diferente. “A crista da ave muda se ela estiver com algum problema. É uma forma de identificar. Se notamos algo de errado, tratamos cada uma, individualmente”, explica Tarcísio Simões, médico veterinário da Cooperativa Agropecuária Centro-Serrana (Coopeavi).

Os ovos caem em uma esteira própria que não permite que eles rolem. Eles são levados até outro galpão onde são selecionados e embalados por funcionários da cooperativa. Cada caixa acomoda 360 ovos. Do condomínio saem, em média, 90 mil ovos por dia de cada galpão.

“Titica” sustentável

Até a titica das galinhas recebe tratamento especial: cai em uma esteira automática que permite uma limpeza mais fácil, ela rola e despeja o esterco em um recipiente próprio. Ele vai puro para outro galpão, onde é misturado com palha de café, pó de serra e casca de ovo. Nesse local, passa pelo processo de secagem e compostagem, até virar um excelente fertilizante orgânico que é comercializado no estado todo. Por mês são produzidos em média 100 toneladas de fertilizante orgânico acabado.

“Esse fertilizante orgânico é excelente para plantação de café, de banana, de tomate, para diversas culturas. O lucro da venda dele é usado para cobrir os custos do condomínio. Outra vantagem é a ambiental, porque o esterco das aves pode gerar diversos problemas ambientais, mas aqui a gente consegue fazer o processo de fermentação e o tratamento correto, transformado em uma excelente solução, ajudando a melhorar produções e cobrindo custos do condomínio com a venda do fertilizante orgânico”, explica o gerente de produção Rodrigo Loose.

As fezes das galinhas são transformadas em fertilizante orgânico.

Modelo de negócio inovador

Ter e manter uma estrutura desse tamanho custa caro, seria inviável para o produtor individualmente, por isso a Cooperativa Agropecuária Centro-Serrana (Coopeavi) montou e testou o condomínio avícola, trazendo um novo modelo de negócios que beneficia a todos. Somente produtores que fazem parte da cooperativa há mais de dois anos podem participar. O condomínio é dividido em 20 cotas de 5 mil aves cada, ou seja, 100 mil aves no total. O mesmo cooperado pode comprar até nove cotas. O objetivo é ter o máximo de pessoas diferentes da cooperativa participando. O lucro é dividido igualmente entre todos.

O primeiro galpão foi inaugurado ano passado e serviu para calibrar todo processo, mostrar o funcionamento e confirmar que era rentável. O segundo galpão inaugurou este ano, já com abertura de cotas para vendas e hoje conta com 13 cooperados investidores. Segundo o gerente executivo de produção da Coopeavi, Luís Carlos Brandt, a tendência é abrir mais cotas no ano que vem e inaugurar o terceiro galpão no segundo semestre. “Produtor rural, geralmente, só acredita vendo. A procura agora deve aumentar, pois os resultados são positivos”, comenta.

Gerente executivo de produção da Coopeavi, Luís Carlos Brandt.

A grande vantagem é que nesse modelo o produtor não precisa ter estrutura própria nem conhecimento específico sobre criação de aves e produção de ovos. A cooperativa faz todo o trabalho. Dessa forma, quem é cafeicultor, por exemplo, pode diversificar sua produção comprando uma cota do condomínio. Quem já é avicultor, mas não tem estrutura para aumentar sua produção, pode se beneficiar também comprando cotas.

“Esse novo negócio está sendo visto como o investimento dos ovos de ouro dos produtores! É a esperança de muitos agricultores que têm galpões menores e querem aumentar sua produção, é uma alternativa a mais para cafeicultores que estão sofrendo por conta da falta de água. Todos os cooperados da Coopeavi hoje têm a expectativa de entrarem no negócio e terem a possibilidade de diversificação nos negócios, com boa rentabilidade”, afirma Rodrigo Loose, gerente de produção de ovos da Coopeavi.

O agricultor Braz Fiorotti, de Jaguaré, no norte do estado, sempre trabalhou com café e pimenta. Ele é cooperado há mais de sete anos e se interessou pela proposta do condomínio avícola logo que ficou sabendo. Ele foi um dos primeiros a participar e hoje é o maior produtor de ovos de Jaguaré, mesmo sem ter nenhuma galinha lá!

“É bem cômodo, tenho 10 mil galinhas sem ter trabalho nenhum, fico no bem bom em Jaguaré cuidando do meu café e da minha pimenta, mas recebo os relatórios, o balanço, como as galinhas estão, as altas e baixas, isso é bem legal. Mas o que mais me interessou foi a ideia da economia compartilhada. Além do resultado financeiro, tem a satisfação de participar de uma atividade produtiva que gera emprego, gera renda, impulsiona a economia local”, ressalta o agricultor.

Ele também destaca o preparo dos profissionais que trabalham no condomínio avícola. “Mexer com avicultura é difícil, eu até tentei, mas as galinhas são complicadas! Tem que ter gente especializada mesmo para tratar. Lá no condomínio eles são, e muito! O que me atraiu foi o profissionalismo do povo da região, chama a atenção mesmo. Eles são diferenciados, têm muita competência. Tenho a pretensão de comprar mais cotas, quero continuar sendo o maior produtor de ovos de Jaguaré!”, afirma.

Fonte: Gazeta Online

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