02 de Abril – DIA MUNDIAL DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE AUTISMO
TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA – TEA.
DEFINIÇÃO
Autismo é uma síndrome(*) definida por alterações presentes desde idades
muito precoces, tipicamente antes dos três anos de idade, e que se caracteriza
sempre por desvios qualitativos na comunicação, na interação social e no uso
da imaginação. Estes três desvios, que ao aparecerem juntos caracterizam o
autismo, foram chamados por Lorna Wing e Judith Gould, em seu estudo
realizado em 1979, de “Tríade”. A Tríade é responsável por um padrão de
comportamento restrito e repetitivo, mas com condições de inteligência que
podem variar do retardo mental a níveis acima da média.
CAUSAS DO AUTISMO
As causas do autismo são desconhecidas. Acredita-se que a origem do
autismo esteja em anormalidades em alguma parte do cérebro ainda não
definida de forma conclusiva e, provavelmente, de origem genética. Além disso,
admite-se que possa ser causado por problemas relacionados a fatos ocorridos
durante a gestação ou no momento do parto. A hipótese de uma origem
relacionada à frieza ou rejeição materna já foi descartada, relegada à categoria
de mito há décadas. Porém, a despeito de todos os indícios e da retratação
pública dos primeiros defensores 17 desta teoria, persistem adeptos desta
corrente que ainda a defendem ou defendem teorias aparentemente diferentes,
mas derivadas desta. Já que as causas não são totalmente conhecidas, o que
pode ser recomendado em termos de prevenção do autismo são os cuidados
gerais a todas as gestantes, especialmente cuidados com ingestão de produtos
químicos, tais como remédios, álcool ou fumo.
MANIFESTAÇÕES MAIS COMUNS
O autismo pode manifestar-se desde os primeiros dias de vida, mas é comum
pais relatarem que a criança passou por um período de normalidade
anteriormente à manifestação dos sintomas. É comum também estes pais
relacionarem a algum evento familiar o desencadeamento do quadro de
autismo do filho. Este evento pode ser uma doença ou cirurgia sofrida pela
criança ou uma mudança ou chegada de um membro novo na família, a partir
do qual a criança apresentaria regressão. Em muitos casos constatou-se que
na verdade a regressão não existiu e que o fator desencadeante na realidade
despertou a atenção dos pais para o desenvolvimento anormal da criança, mas
a suspeita de regressão é uma suspeita importante e merece uma investigação
mais profunda por parte do médico. Normalmente, o que chama a atenção dos
pais inicialmente é que a criança é excessivamente calma e sonolenta ou então
que chora sem consolo durante prolongados períodos de tempo. Uma queixa
freqüente dos pais é que o bebê não gosta do colo ou rejeita o aconchego.
Mais tarde os pais notarão que o bebê não imita, não aponta no sentido de
compartilhar sentimentos ou sensações e não aprende a se comunicar 18 com
gestos comumente observados na maioria dos bebês, como acenar as mãos
para cumprimentar ou despedir-se. Geralmente, estas crianças não procuram o
contato ocular ou o mantêm por um período de tempo muito curto. É comum o
aparecimento de estereotipias, que podem ser movimentos repetitivos com as
mãos ou com o corpo, a fixação do olhar nas mãos por períodos longos e
hábitos como o de morder-se, morder as roupas ou puxar os cabelos.
Problemas de alimentação são freqüentes, podendo se manifestar pela recusa
a se alimentar ou gosto restrito a poucos alimentos. Problemas de sono
também são comuns.
O ESPECTRO DE MANIFESTAÇÕES AUTÍSTICAS
O autismo não é uma condição de “tudo ou nada”, mas é visto como um
continuum que vai do grau leve ao severo. A definição de autismo adotada pela
AMA, para efeito de intervenção, é que o autismo é um distúrbio do
comportamento que consiste em uma tríade de dificuldades:
1. Dificuldade de comunicação – caracterizada pela dificuldade em
utilizar com sentido todos os aspectos da comunicação verbal e não
verbal. Isto inclui gestos, expressões faciais, linguagem corporal, ritmo e
modulação na linguagem verbal. Portanto, dentro da grande variação
possível na severidade do autismo, poderemos encontrar uma criança
sem linguagem verbal e com dificuldade na comunicação por qualquer
outra via – isto inclui ausência de uso de gestos ou um uso muito
precário dos mesmos; ausência de expressão facial ou expressão facial
incompreensível para os outros e assim por diante – como podemos,
igualmente, encontrar crianças que apresentam linguagem verbal,
porém esta é repetitiva e não comunicativa. Muitas das crianças que
apresentam linguagem verbal repetem simplesmente o que lhes foi dito.
Este fenômeno é conhecido como ecolalia imediata. 20 Outras crianças
repetem frases ouvidas há horas, ou até mesmo dias antes; é a
chamada ecolalia tardia. É comum que crianças que têm autismo e são
inteligentes repitam frases ouvidas anteriormente e de forma
perfeitamente adequada ao contexto, embora, geralmente nestes casos,
o tom de voz soe estranho e pedante.
2. Dificuldade de sociabilização – este é o ponto crucial no autismo, e
o mais fácil de gerar falsas interpretações. Significa a dificuldade em
relacionar-se com os outros, a incapacidade de compartilhar
sentimentos, gostos e emoções e a dificuldade na discriminação entre
diferentes pessoas. Muitas vezes a criança com autismo aparenta ser
muito afetiva, por aproximar-se das pessoas abraçando-as e mexendo,
por exemplo, em seu cabelo, ou mesmo beijando-as, quando na verdade
ela adota indiscriminadamente esta postura, sem diferenciar pessoas,
lugares ou momentos. Esta aproximação usualmente segue um padrão
repetitivo e não contém nenhum tipo de troca ou compartilhamento. A
dificuldade de sociabilização, que faz com que a pessoa com autismo
tenha uma pobre consciência da outra pessoa, é responsável, em
muitos casos, pela falta ou diminuição da capacidade de imitar, que é
um dos prérequisitos cruciais para o aprendizado, e também pela
dificuldade de se colocar no lugar do outro e de compreender os fatos a
partir da perspectiva do outro.
3. Dificuldade no uso da imaginação – se caracteriza por rigidez e
inflexibilidade e se estende às várias áreas do pensamento, linguagem e
comportamento da criança. Isto pode ser exemplificado por
comportamentos obsessivos e ritualísticos, com21 preensão literal da
linguagem, falta de aceitação das mudanças e dificuldades em
processos criativos.
Esta dificuldade pode ser percebida por uma forma de brincar desprovida de
criatividade e pela exploração peculiar de objetos e brinquedos. Uma criança
que tem autismo pode passar horas a fio explorando a textura de um
brinquedo. Em crianças que têm autismo e têm a inteligência mais
desenvolvida, pode-se perceber a fixação em determinados assuntos, na
maioria dos casos incomuns em crianças da mesma idade, como calendários
ou animais pré-históricos, o que é confundido, algumas vezes, com nível de
inteligência superior. As mudanças de rotina, como mudança de casa, dos
móveis, ou até mesmo de percurso, costumam perturbar bastante algumas
destas crianças.
Como é feito o diagnóstico de autismo
A AMA, sempre que solicitada, indica que o diagnóstico de autismo seja feito
por um profissional com formação em medicina e experiência clínica de vários
anos diagnosticando essa síndrome. O diagnóstico de autismo é feito
basicamente através da avaliação do quadro clínico. Não existem testes
laboratoriais específicos para a detecção do autismo. Por isso, diz-se que o
autismo não apresenta um marcador biológico.
Instrumentos para diagnosticar o autismo
Existem vários sistemas diagnósticos utilizados para a classificação do
autismo. Os mais comuns são a Classificação Internacional de Doenças da
Organização Mundial de Saúde, ou CID-10, em sua décima versão, e o Manual
de Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais da Academia Americana de
Psiquiatria, ou DSM-IV.
PASSOS QUE PODEM AJUDAR
Passo 1: Informe-se ao máximo.
Passo 2: Permita-se sofrer. Nesta hora, você não está perdendo fisicamente
seu filho, mas está perdendo, com certeza, parte de seus sonhos e planos para
seu filho, o que é extremamente doloroso. Com o tempo você vai poder criar
novos sonhos e outros objetivos vão surgir, tão importantes e desafiadores
como os primeiros; mas no início é importante permitir-se desmoronar.
Lembre-se: o autismo é para sempre, mas não é uma sentença de morte.
Você não fez nada para que isto acontecesse, mas pode fazer muito para
melhorar as perspectivas de vida de seu filho.
Passo 3: Reaprenda a administrar seu tempo. Procure centros de
tratamento especializado que ofereçam tudo que seu filho precisa, sem ter que
ir de um lugar a outro indefinidamente. Se você for uma pessoa muito ocupada,
tente encontrar ajuda para cuidar de seu filho, mas lembre-se que é muito
importante que você entenda com profundidade as propostas da opção
terapêutica e educacional que você escolheu e que você acompanhe muito de
perto a evolução de seu filho.
Passo 4: Saiba exatamente quais são os objetivos de curto prazo para seu
filho. Este ponto é muito importante. É através dele que você vai saber o que
esperar e também vai poder avaliar se a instituição escolhida é a que mais
atende o que você espera. Se os objetivos propostos lhe parecerem
exagerados ou modestos, tente se informar e conversar para avaliar bem essa
diferença de expectativas
Passo 5: Por último, evite:
Todos que lhe acenarem com curas milagrosas.
Todos que atribuírem a culpa do autismo aos pais.
Todos os profissionais desinformados ou desatualizados.