Convivência ou conivência?
Por Renato Coan.
Segundo a nossa língua portuguesa, convivência é o ato de conviver, de coexistir com outras pessoas ainda que seja por apenas um período da vida. Na mesma língua, conivência é a forma de expressar cumplicidade. Pois bem, partindo dessa premissa, o Brasil é um país onde os três poderes devem manter uma convivência harmoniosa e não uma conivência inescrupulosa como aquela que temos notado nos últimos tempos. Podemos muito bem conviver com as pessoas sem necessariamente ter de ser conivente com as coisas que essas pessoas fazem, principalmente se são erradas. Essa mistura de convivência e conivência acontece muito no campo político e, mais expressivamente, em tempos de eleição, onde a convivência é às vezes mantida única e exclusivamente pela conivência. Vemos antigos inimigos políticos no mesmo palanque simplesmente porque naquele momento é conveniente estarem juntos. Vemos pessoas que no passado estavam em campos opostos e agora estarem juntas, coexistindo em todos os lugares porque a cumplicidade para se manterem no poder deve ser preservada de qualquer maneira. Fato é que isso serve de alerta para nós. Podemos e devemos CONVIVER com as pessoas porque nos torna sociáveis. No entanto, não podemos confundir isso com CONIVÊNCIA, porque se pactuamos com as coisas erradas também fazemos parte delas. No frigir dos ovos podemos aprender com os últimos tempos de Brasil em que a convivência faz parte do processo de socialização, mas a conivência pode nos levar ao caos como este que nos ameaça em 2018.