Lições de uma eleição sem precedentes – IN SERVATOR
Estivemos numa eleição sem precedentes. Nem na eleição de 1989 houve tanta polarização e tantas surpresas como nessa eleição de 2018. E infelizmente o saldo não é tão positivo como se esperava. Talvez a maior lição que tiramos deste pleito é que não se pode subestimar o povo, que em via de regra é o protagonista de todo o processo eleitoral. Mas a eleição de 2018 teve o
poder de ultrapassar a temática eleitoral. Dividiu famílias, desfez casamentos, despachou amizades, arranhou relacionamentos.
Uma mistura de fake news com avalanches de notícias. A direita querendo tomar o poder perdido desde 2002, a esquerda querendo manter-se no poder a qualquer custo, velhos caciques sendo afastados da vida política, novos representantes surpreendendo em quantidade de votos. Não fosse essa uma eleição presidencial tão polarizada, poderíamos dizer que serve de
enredo de novela das oito ou então de tema para tese de doutorado. As pessoas amaram e odiaram aos extremos, levaram suas paixões pelos políticos a índices nunca vistos antes na história do Brasil, e o que menos importava nesse momento era justamente o Brasil. Propostas e planos de governo ficaram relegados a segundo plano e o que realmente importou em toda campanha foi um apontar os erros do outro. Com isso as lições são muitas: Democracia enfraquecida, sistema político desqualificado, voto eletrônico sob suspeita, lisura das eleições questionada e principalmente a certeza de que uma campanha
marcada por incertezas gera, independente do ganhador, um governo de incertezas. Resta-nos esperar agora pelo primeiro de janeiro. E torcer para que as impressões ruins da eleição fiquem no passado.
Por José Renato Coan.
