Minha Opinião - 345

Por: Carlos da Fonseca

Apesar dos terríveis números da letalidade da covid19 ainda nos mostrarem que o maligno novo coronavírus continua bem presente por aí, o certo é que já se vislumbra uma melhora no ânimo das pessoas. Aos poucos os trabalhadores estão voltando ao trabalho, os horários das jornadas vão-se ajustando, todos se vão habituando a novos protocolos. Até, em algumas cidades, os hospitais de campanha vão-se desmobilizando pela redução da demanda de pacientes. O anúncio de chegada de vacinas imunizantes também tem contribuído para a melhoria anímica do povão. O medo dos horrores mostrados pela mídia mundial como produto da pandemia também vai se aquietando. Aliás, o número de mortes, de tão grande e sistematicamente difundido, passou a ser banalizado. Então, paira no ar a noção subjetiva de que estamos voltando ao “antigo normal”. Apesar do alvoroço dos tempos de isolamento social forçado, apesar da mudança de hábitos das pessoas, apesar do luto e do sentimento dos familiares que perderam entes queridos, em se tratando de seres humanos, complexos, também existe o temor de que ao fim da pandemia a única coisa boa que fique seja um melhor conceito de higiene pessoal. Falamos lá atrás que hospitais de campanha estão sendo desmontados. Pois bem: diminuindo os pacientes, o fato é que muitos milhões de reais foram jogados na rua. Quem dera que nesse desmonte alguém se lembre dos milhões e que das sobras as faça servir para aparelhar o SUS. Quem sabe a pandemia nos possa dar um sistema de saúde razoável para, quando ficarmos doentes, termos um leito para esperar atendimento médico. Sim, porque o “normal antigo” era ficar esperando em maca no corredor do hospital. E quantos cansaram de esperar sentados e o cansaço os levou. Quem sabe a pandemia faça, também, com que o sistema de saúde particular, os chamados Planos de Saúde, fiquem mais acessíveis? Pelo jeito, não devemos esperar muito mais do que essas migalhas no “novo normal”!