População acuada atrás das grades em Santa Maria de Jetibá
Por Domicio Faustino e Sarah Stuhr
“A demanda por grades cresceu mais de 50% neste mês. Nunca vi um início de ano tão movimentado como este”, relatou Wanderly Duarte, dono de uma serralheria em Santa Maria de Jetibá. A população está acuada e amedrontada. O aumento de procura por grades em casas e apartamentos é um reflexo da falta de segurança no município. “Antes a maior parte das solicitações era somente por grades em janelas. Hoje, o pessoal quer gradear tudo: janelas, portas e básculas”.
Uma onda de furtos em apartamentos, à luz do dia, vem ocorrendo na cidade. No último dia do ano de 2017, entre 11 e 14 horas, bandidos invadiram o Residencial Sol Nascente e levaram pertences de três apartamentos no segundo andar. Após 17 dias do furto, os criminosos voltaram ao edifício e levaram um veículo que abandonaram em Cariacica. Além desses casos, há relatos de outros 10 furtos ou tentativa de arrombamentos de apartamentos. “E não é só no Centro, nos outros bairros também aumentaram os pedidos de grades, inclusive no interior, onde a população está com muito medo”, comentou Wanderly.
Um professor de 33 anos, que preferiu não ser identificado, conta que o prédio em que mora também já foi invadido. “Entraram em dois apartamentos. Depois disso ficou um clima muito ruim no prédio. Reforçamos a segurança das portas e tivemos que instalar câmeras”, disse. Na opinião dele, a criminalidade aumentou no município e o patrulhamento da polícia é pouco. “Acho que a polícia poderia fazer mais rondas a pé nos comércios e à noite, mais abordagens. Não me sinto seguro sair à noite pois há muitos moleques fazendo coisas erradas nas pracinhas. A população cresceu muito e por isso muitas pessoas estranhas vieram para cá. Acho que quem têm casa para alugar devia se preocupar para quem aluga. Procurar saber quem é, onde trabalha, documentação em ordem, fiador, antecedentes criminais etc”, afirmou.
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Santa Maria de Jetibá é o município com maior número de habitantes da Região Serrana e tem o Produto Interno Bruto (PIB) entre os maiores do Estado. No entanto, não tem estrutura de segurança pública à altura desses dados. Os policiais, que atendem nos DPMs do Centro e de Caramuru, são ligados à 8ª Companhia Independente sediada em Santa Teresa. E o efetivo é muito pequeno para as demandas. No feriado de Fim de Ano havia apenas três policiais militares. Na Polícia Civil a situação não é muito diferente. São apenas dois investigadores em dias úteis e, em feriados e nos finais de semana, toda a demanda é direcionada para o DPJ de Aracruz. Aí já viu né?!
A Secretaria Estadual de Segurança Pública (SESP) perguntada sobre a situação em Santa Maria de Jetibá respondeu, por meio da assessoria, que não divulga o efetivo policial do município por uma questão estratégica e, quanto aos dados de ocorrências, orientou a reportagem a buscar no site da instituição. Infelizmente a última atualização foi feita em abril de 2017.
A Prefeitura afirmou, via assessoria de imprensa, estar preocupada e que está realizando diversas ações para amenizar a situação. Adiantou que a Segurança Pública é um dever do Estado, mas que, apesar disso, o prefeito tem feito reuniões e ofícios solicitando ao Governo o aumento do efetivo municipal. Disse também que com o Conselho Municipal de Segurança Pública, prevê instalar 10 câmeras em pontos estratégicos da cidade para monitoramento e tomada de providências em caso de ocorrências e que está sendo preparado um manual sobre segurança para ser entregue à população.
Ao Jornal A Gazeta (22/01), a Polícia Militar disse ter reforçado a segurança nas praias do Estado com 1.800 policiais durante a Operação de Verão e, para o Carnaval, esse contingente poderá chegar até 2.300 policiais. A pergunta que fica é: de onde esse efetivo está sendo tirado? Do interior?
População evita furto, em Garrafão
Já na Região de Garrafão, dia 17 de janeiro, dois bandidos não conseguiram concluir o furto, pois moradores do distrito interromperam o ato criminoso. Um dos indivíduos foi amarrado e surrado pela população local e o outro conseguiu fugir pelo matagal.
Fim da GAO?
Em audiência pública sobre Segurança Pública, em abril de 2017, na Câmara de Vereadores, a Polícia Militar esclareceu que a saída do GAO do município era boato. Apenas que o Governo Estadual realizou uma reestruturação da PM e mudou o nome do GAO para Força Tática e, por isso, todas as viaturas do GAO foram identificadas com a nova marca.
