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Recomeços...

Coluna Pedagógica - 2 de julho de 2020

Em 2019 uma moça feliz e sorridente, já mãe de um lindo menino adolescente, carregava em seu ventre a tão sonhada, planejada e amada Alice. Assim se foram sete meses de gestação. Ansiedade pela sua chegada. Entretanto, um grande porém abalou os planos. Entrou em trabalho de parto e seus braços voltaram vazios para casa. Alice não resistiu ao parto precoce e foi para outros braços, virou anjo. Como entender a perda de um filho? Como recomeçar, se havia a certeza de sua chegada e não de sua despedida?

A moça guerreira, Vanilda Borchardt Pagung, nascida em Crisciúma, Laranja da Terra, filha de agricultores e criada nas tradições e cultura pomerana, teve uma infância simples, lidou com a falta de dinheiro, falta de brinquedos, o que nunca a impediu de brincar. As mãos da menina ora seguravam o caderno, ora a enxada ajudando a família na roça. Lidou com críticas por querer estudar! Afinal, estudar para quê, se o seu destino era trabalhar na roça?. Persistente, em busca de seus sonhos, estudou de 1° a 4° série, numa escola perto de casa, em um terreno de seu pai prestigiada por isso EMUEF REINALDO BORCHARDT. Da 5° à 8° série, teve que ir estudar em Sobreiro, cujo trajeto era de caminhão. Para cursar o ensino médio precisou ir para o centro de Laranja da Terra.

Em 2009, casada e com um filho, o casal veio morar em Santa Maria de Jetibá. A vida na roça era muito difícil, havia sonhos e queria uma melhor perspectiva para o filho. O começo não foi fácil, mas com o passar do tempo conseguiram se estabilizar e, então, surgiu a oportunidade da tão sonhada graduação em pedagogia pela faculdade à distância Unimes Virtual. A chance foi agarrada com todas as forças. Conciliava o lar, ser mãe, mulher, esposa e seu trabalho como doméstica. E, de novo, ouviu críticas, dessa vez por optar pela faculdade à distância.

Sua primeira atuação na educação foi como auxiliar de creche. Que profissional exemplar, tratava as crianças como se fossem filhos, carinhosa e dedicada e, anos depois, iniciou como professora de Língua pomerana e regente de sala!

Em 2015 teve concurso público na cidade e, com muito empenho, se preparou, estudou e foi aprovada. Porém não obteve as primeiras classificações e teve que esperar a prorrogação do concurso por dois anos.

Sobre os recomeços da vida… no final de 2019 teve a maravilhosa notícia da efetivação! Ver seu nome na lista dos últimos convocados, quase sem acreditar, lhe deu felicidade, emoção, gratidão e a sensação de que havia conseguido. Em 2020, aos 37 anos, enfim professora efetiva da rede sabe que os esforços da mulher profissional, e da mulher mãe, valerem a pena! Tanto mais porque o seu filho teve a feliz e graciosa notícia de que irá estudar no IFES, nessa linda e competente instituição o que lhe faz ter a certeza que trilhou o caminho certo!

Ao longo da sua história, do sentimento de desespero pela perda de sua filha, estando coberta de todos os motivos do mundo para desistir de sorrir, Vanilda se reconstruiu. Sempre haverá dias de tristeza e de ternura, também! Jamais será a mesma e nunca esquecerá o que houve, mas recebendo apoio, e olhando outras situações da vida, e emanando tamanha gratidão, vem Recomeçando!

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