SEM EIRA NEM BEIRA
Quem acompanha o processo político/administrativo brasileiro desde a redemocratização, depois da ditadura militar em 1985, nunca presenciou um Congresso Nacional tão sem eira nem beira como esse que foi empossado em 2023 que inclui alguns membros remanescentes de 2019. Alas ideológicas do Congresso misturam um pouco de tudo: falta de vergonha, excesso de imaginação, quebra de confiança. Essa salada de ingredientes nos dá a dimensão dos que se intitulam “representantes do povo”. Exemplo: a PEC da anistia, que dá perdão para muitos políticos que agiram de forma irregular; a mini reforma eleitoral; a reforma administrativa que, ainda não votada, mas está encaminhada; o marco temporal; a PEC da venda de plasma, que ataca a doação de sangue no Brasil... e por aí vai! Primeiro que o Congresso claramente legisla em causa própria, ou melhor, em causa da classe política; segundo que eu, como cidadão obrigado a votar em país que tanto fala em democracia, e não me dá opções, fico pensando de onde vem esse celeiro de ideias tão desconexas, tão estapafúrdias, a ponto de serem esdrúxulas? O Congresso vive num cabo de guerra com o Planalto e com o STF. Um aborda o tema e o Congresso vai lá e cria uma PEC contrária! Sem contar o espetáculo deprimente das CPMI’s que gastam milhões para oferecer teatros com atores fracos na arte de representar. Sem eira nem beira é um ditado que herdamos dos nossos colonizadores portugueses. Se o “SEM EIRA NEM BEIRA”, veio de navio para terras tupiniquins, certamente foi no Congresso que achou espaço para crescer e se multiplicar e nos colocar à mercê dos arroubos de quem se elegeu por voto obrigatório para nos representar. Ei, povo, está certo isso?