UM OLHAR DIFERENCIADO
Por: José Renato Coan
Não há como negar de que depois de passada a pandemia o nosso olhar para o mundo, para nossas cidades e para nós mesmos, terá que ser diferenciado. Numa conversa com um Martinense, Fernando Figueiredo, ele me disse algo que me fez refletir esse olhar diferenciado: precisamos olhar do menor para o maior. Até agora todos olhavam dos maiores para os menores. Mas nosso olhar tem de ser diferente a partir de agora. Olhar as pequenas comunidades, o homem do campo, aqueles que produzem e mesmo diante de tantas dificuldades mantiveram o seu ritmo de trabalho. Entender que não são importantes os grandes ídolos, os grandes craques, mas aqueles que colocam a comida na mesa, que asseguram a saúde lá no interior, no posto de saúde que ninguém se lembra que existe, na escolinha escondida entre as montanhas. Para aí que deve voltar nosso olhar. E confesso que essa reflexão do meu amigo Fernando me fez enxergar uma luz no fim do túnel. Realmente se tivermos esse olhar que ele nos propõe com certeza enxergaremos as coisas de outra forma e, depois da pandemia, poderá surgir um novo modelo de sociedade, mais justa, fraterna, mais irmã e mais solidária. Da nossa conversa surgiu a minha vontade de ter esse olhar diferenciado proposto pelo amigo Fernando, e espalhar o desejo que mais e mais pessoas também tenham esse olhar assim tão diferente, tão humano, tão gentil e tão capixaba de ser. Esse olhar que nos convida a não buscar exemplos longe, mas a tirar do nosso dia a dia os grandes exemplos que precisamos para plantar, agora, um novo futuro que se descortina. Existem ao nosso redor homens e mulheres que são transformadores, agregadores e, acima de tudo, conscientes de que somente a união e a empatia podem modificar aquilo que não nos agrada. Uma conversa numa casa do interior, uma taça de vinho, algumas risadas, e lá estava eu, chamado a olhar diferenciado para a vida, para os amigos e para o mundo!