UMA INDÚSTRIA CHAMADA ELEIÇÃO
Por: José Renato Coan
Vivemos num país onde as mazelas sociais estão cada vez maiores e mais aviltantes à dignidade humana e ao respeito que todo o cidadão merece. Em ano eleitoral isso é ainda mais agressivo e, particularmente, em 2020 beira o absurdo. Milhões de pessoas, há poucos dias, se aglomeravam em filas intermináveis nos bancos para receber o auxílio emergencial de 600 reais. Com a alta dos preços dos produtos, isso compra pouco mais que uma cesta básica! Agora nos deparamos com dados informando que o governo gastará mais de 500 milhões só com a eleição municipal. 500 milhões sem nenhum proveito para o povo e, o que é pior, tirado do próprio povo. Não bastasse isso, li na mídia que em uma grande metrópole brasileira, um dos candidatos vai fazer uma campanha orçada em cerca 5 milhões de reais! Ora se, com salário e verbas legais, vai receber, em quatro anos, pouco mais de 1,5 milhão, a conta não bate! A eleição virou mesmo uma indústria, em cujos principais pilares assentam na corrupção, na imoralidade e na falta de respeito! Um marqueteiro pediu a um candidato do Minas Gerais, 400 mil pela campanha. Um trabalho de 45 dias! Olhe essa conta: considerando todos os dias, o marqueteiro receberá por dia R$ 8.888,88. Comparando com um trabalhador normal equivale a 8,5 meses de trabalho. Estarrecedor saber que uma pessoa irá receber por uma campanha eleitoral por dia, o que um pai de família leva oito meses e meio para receber! E esse “trabalho eleitoral”, por dia, equivale a 255 dias de um trabalhador comum! E olha que o candidato pode não se eleger, porque se se eleger… vai ter a fonte… Esse é o Brasil de campanhas políticas que propagam o fim das desigualdades, o fim da miséria. Esse é o país que a cada dois anos mete a mão no bolso do cidadão para promover uma “Indústria de Entretenimento Chamada Eleição”. De entretenimento… sim! Porque, segundo alguns pensadores, o grande picadeiro é de há muito o mesmo… com o mesmo público ávido de circo. Só mudam alguns palhaços uma vez por outra…
