As máscaras e os mascarados

Por Ana Gabriela Rauta Siller, psicóloga.
A festa mais esperada do ano, por grande parte da população, está a ponto de começar. Em clima de festa, o mês de fevereiro é caracterizado pela magia carnavalesca, com suas fantasias, brincadeiras, teatros, desfiles e todo aquele espetáculo midiático com muita cor, muito brilho e samba no pé.
Por aqui, em Santa Maria de Jetibá-ES, a festança não é assim tão típica, não há carros alegóricos e nem cidade enfeitada. Predomina a ordem e o trabalho, características que formam pessoas cautelosas em suas relações, muito diferente de uma maioria brasileira que elege este período para esbanjar alegria, simpatia e muito contato corporal, fazendo com que, em alguns lugares, a lei de Newton, sobre dois corpos não poderem ocupar o mesmo espaço, não se aplicar.
Mas, de qualquer forma, vamos aproveitar o momento para pensarmos sobre o impacto que estes eventos têm em nós? Hoje, as pessoas vivem em um ritmo de vida pesado sempre tentando conciliar o profissional com o pessoal. Por isso, há quem diga que no carnaval não há desprazer, pois a época é vista como um passaporte para libertação total, onde o comportamento socialmente reprovável é perdoado, porque no carnaval pode! A máscara, comumente usada durante as festividades, é uma forma de esconder o rosto, de ocultar a identidade, uma forma de ser sem se evidenciar.
Como em tudo, e sempre, existem os dois lados: aqueles que são adeptos dos barulhentos blocos carnavalescos e aqueles que não gostam e optam por um olhar mais crítico do cenário à volta. Porém, quando na quarta-feira de cinzas a folia já passou e a realidade volta, com ela chega também um sentimento de vazio. Parece que a realidade deixada de lado por um tempo, ao retornar, nos deixa sem saber o que fazer.
E aí, ao nos olharmos no espelho, sem a máscara, chegam as perguntas: Temos conseguido nos despir das máscaras e viver uma vida plena? A vida tem sido encarada como uma grande festa ou apenas rotina? O seu espetáculo no palco da vida tem feito sentido? As metas do início do ano ainda estão válidas ou já foram postas de lado?
Talvez seja este o momento ideal para fazermos as mudanças que sempre temos adiado. Lembre-se: a vida será melhor quando nós melhorarmos. E nunca o contrário!