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Casos ativos de Covid-19 crescem mais rápido nos bairros de baixa renda do ES, aponta estudo

Cidade - Notícias - 21 de maio de 2020

Bairro Jesus de Nazareth, em Vitória — Foto: Ronaldo Rodrigues/TV Gazeta Bairro Jesus de Nazareth, em Vitória — Foto: Ronaldo Rodrigues/TV Gazeta

À medida em que os dias passam, a pandemia de coronavírus avança sobre as comunidades de maior vulnerabilidade social e econômica do Espírito Santo. Dos dez bairros do estado que registraram o maior crescimento do número de casos ativos da doença nos últimos 14 dias, nove são considerados de baixa renda.

É o que revela um estudo realizado pelo Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), que vem analisando a evolução da doença no território capixaba. A pesquisa, feita entre os dias 6 e 20 de maio, considera somente os casos ativos de coronavírus, ou seja, aqueles que ainda têm potencial de infectar outras pessoas. Mortes e casos já curados são, portanto, excluídos.

Jardim Carapina I, na Serra, é um dos exemplos de bairros que tiveram uma grande variação do número de casos ativos. No dia 6, havia dois casos ativos na comunidade e, 14 dias depois, já são 20.

Também na Serra, em Novo Horizonte o número saltou de 1 para 17 nesse mesmo período, enquanto em São Pedro, em Vitória, o aumento foi de 1 para 17 casos.

Na lista dos dez bairros que mais cresceram em termos de infectados, José de Anchieta, na Serra, é o único que não é considerado de baixa renda, segundo Censo de 2010. Veja a tabela:

Bairros com maior aumento de casos de Covid-19 nos últimos 14 dias

BairroCidadeNº de casos em 6 de maioNº de casos em 20 de maioNova Carapina ISerra220Novo HorizonteSerra117São PedroVitória114AreinhaViana19Nova CanaãCariacica19José de AnchietaSerra322Bairro da PenhaVitória213Campina GrandeCariacica210Jesus de NazarethVitória16GurigicaVitória16

Fonte: Instituto Jones dos Santos Neves

O coordenador de Geoespacialização do IJSN, Pablo Jabor, explica que, embora estas não sejam as áreas que lideram o ranking de casos ativos da doença, é nelas em que vêm ocorrendo a maior variação dos números, o que indica que o vírus têm um grande potencial de se espalhar nesses locais.

A situação não deixa de ser preocupante também em bairros como a Praia da Costa, em Vila Velha, que lidera o ranking de casos ativos da doença (no momento, são 81) no estado. No entanto, a variação do número de infectados nestes locais é menor, o que indica certa estabilidade.

Pablo explica que, conforme as análises vão sendo feitas ao longo dos dias, os bairros que encabeçam a lista dos que têm maiores variações podem mudar. No entanto, os locais de baixa renda permanecem sendo os mais afetados.

“Isso significa que a propagação do vírus está maior nesses bairros, ainda que eles não tenham o maior número de casos ativos. Se essa tendência dor mantida, em breve esses bairros podem chegar a ter o maior número de pessoas infectadas”, pontua o coordenador.

Preocupação aumenta

Para a doutora em epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo, Ethel Maciel, a manifestação crescente do coronavírus nas regiões periféricas exige uma atenção maior por parte do poder público.

“A preocupação aumenta porque nesses locais a forma de prevenção que conhecemos até agora, que é o isolamento social, é muito mais difícil de ser feita. Em alguns locais não há acesso à água tratada”, pontua a professora.

Ethel aponta ainda que é justamente a população de baixa renda a que tem mais possibilidades de desenvolver casos graves da doença, elevando o índice de mortes.

“A maioria das mortes ocorre no sistema público de saúde. E esse não é um problema do SUS (Sistema Único de Saúde), o problema é a dificuldade de acesso das pessoas que por ele são atendidas. Elas têm dificuldades maiores para tratar, por exemplo, comorbidades como hipertensão e diabetes. Elas já são mais vulneráveis. É o que chamamos de determinantes sociais da saúde. Precisamos pontuar também que trata-se de uma população mais preta e parda”, explica a professora.

Para a epidemiologista, o controle do coronavírus nas comunidades de baixa renda depende, fundamentalmente, de que o poder público chegue até esses locais. Nesse contexto, os serviços de atenção primária e de atenção à saúde da família são estratégicos.

“A inflamação pulmonar intensa, que causa dificuldade de respiração, é um dos sintomas mais comuns da Covid-19. Então, é importante que as equipes de saúde da família que vão às casas possam ter o oxímetro, um aparelho que mede a saturação de oxigênio. Quando ela estiver muito baixa, isso indica que a pessoa precisa ser entubada”, diz a professora.

Ethel pontua ainda que o estado precisa aumentar sua capacidade de testagem da população. “O Espírito Santo é um dos estados que mais faz testes no país, mas ainda precisa aumentar. Precisamos identificar essas pessoas para que elas cheguem mais cedo ao sistema de saúde e não infectem outras pessoas”.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) foi procurada, mas ainda não se manifestou sobre o assunto.

Texto retirado e disponível em: https://g1.globo.com/es/espirito-santo/noticia/2020/05/21/casos-ativos-de-coronavirus-crescem-mais-rapido-nos-bairros-de-baixa-renda-do-es-aponta-estudo.ghtml

Texto por: Por Maíra Mendonça, G1 ES

Imagem: Reprodução

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