Home > Notícias > Empresária de Guarapari: “Meu filho foi desafiado em jogo da morte na ...

Empresária de Guarapari: “Meu filho foi desafiado em jogo da morte na internet”

Notícias - 17 de setembro de 2019

Mãe de duas crianças, uma menina de dois e um menino de 7 anos, a empresária Regina Bretas, 36, moradora de Guarapari, ficou assustada ao conversar com o filho sobre um jogo eletrônico de celular.

Regina descobriu que o pequeno foi convidado para participar de um desafio que poderia ter causado a morte dele.

Digital Influencer, a mãe decidiu postar nas redes sociais sobre a declaração do filho com o intuito de alertar aos pais. E recebeu a reportagem de A Tribuna para contar como ocorreu o problema com o filho.

O jogo em questão é conhecido como Free Fire. Na descrição, trata-se de um game de tiro e sobrevivência disponível no celular. Cada partida dura cerca de 10 minutos e coloca o jogador em uma ilha remota, onde enfrenta adversários, todos buscando sobrevivência.

Ao comentar com o filho os riscos relacionados ao jogo, a criança fez uma revelação à mãe.

Ele contou que, durante uma partida que jogava há 15 dias, três pessoas o convidaram a participar de um desafio do barbante.

“Meu filho contou que, há 15 dias, três pessoas o convidaram para participar de um desafio da morte na internet. Ele teria que enrolar um barbante grande no pescoço, passar por três vezes e puxar”, disse a mãe.

A empresária completou: “Já desesperada, perguntei onde eu estava nessa hora? Ele respondeu que era depois do almoço e que eu estava deitada descansando com o pai. Os dois estavam em casa e vivendo esse mal próximo da gente”.

Regina disse que, após a publicação dos vídeos com o relato do filho, recebeu muitas mensagens pelo telefone, já que várias pessoas compartilharam a informação.

O intuito, segundo ela, foi justamente alertar os pais das crianças que vivem no celular, sem o acompanhamento dos adultos. “Não importa se a mãe trabalha muito ou trabalha pouco. É naquele nosso minuto de distração que as coisas acontecem”, disse.

Regina ainda comenta sobre o susto que passou.

“Podia ter perdido o meu filho, se ele tivesse aceitado participar de um desafio desses, de monstros, que, para mim, têm que estar na cadeia. São assassinos de crianças, que eles pegam de forma aleatória na internet para fazer o mal”.

“Mesmo que todo mundo jogue, ele não vai jogar mais”

Preocupada com as pessoas que entram no jogo para praticar o mal, a empresária Regina Bretas disse que o filho de 7 anos não vai mais jogar Free Fire.

Para a mãe, o jogo de sobrevivência que usa armas para matar os participantes, não possui benefícios.

A Tribuna – Por que seu filho baixou o jogo?

Regina Bretas – Os jogos são muito atrativos. É complicado proibir o seu filho daquilo que todos estão fazendo… Ele me questiona muito. Por mais que use a frase típica de toda mãe “você não é todo mundo”, a gente tem essa dificuldade.

Vai proibi-lo?

Mesmo que todo mundo jogue, o meu filho não joga mais. Não acho que o jogo acrescente no desenvolvimento dele. Eu não sou a maioria. Eu não concordo porque todo mundo faz. Eu crio meu filho através dos nossos ideais. Hoje, eu não vejo um jogo bom, de qualidade, viralizar. Um jogo onde se possa ensinar o bem, a gentileza, o respeito, e não quero fazer parte dessa bagunça.

Você sempre monitora ele?

Em casa, temos uma política um pouco diferente. Eu penso que, se eu não posso controlar, eu não deixe ele brincar. Então, ele usa por um tempo limitado, por duas horas no sábado e duas horas no domingo. Mas vi que, mesmo assim, não consigo estar presente o tempo inteiro.

É um medo do que a internet pode proporcionar?

A internet é perigosa. Como trabalho com ela, eu sei bem. Do mesmo jeito que é fantástica e nos facilita em tudo, tem o lado obscuro. Não vejo sentido em inserir meu filho tão cedo nas redes sociais. Para tudo tem o momento certo.

Especialistas dão dicas para os pais

Monitorar o conteúdo dos jogos, limitar o tempo de exposição às telas e criar laços de confiança com os filhos. Essas são algumas das dicas que especialistas dão para os pais que estão preocupados com os riscos dos jogos virtuais.

De acordo com a psicóloga Marina Pires, monitorar o conteúdo do jogo é essencial.

“Os pais precisam ficar atentos ao conteúdo que as crianças estão acessando. Geralmente, os jogos mais violentos são para maiores de 14 anos e nem sempre os pais prestam atenção nisso”, alertou.

Estabelecer um tempo limite também é importante. De acordo com a psicopedagoga e analista comportamental Maria Tereza Samora, o ideal é incentivar outras atividades.

“As crianças estão perdendo o brincar que faz bem, que libera endorfina, respirar ar puro”, afirmou.

A psicopedagoga alertou que os pais devem ganhar ou reconquistar a confiança dos filhos.

“Isso é essencial para que a criança tenha liberdade para conversar com os pais sobre o que está acontecendo de estranho no jogo, sem medo de ser castigada.”

A psiquiatra Monique Ribeiro destacou que é importante que os pais participem da vida online dos filhos. “Os pais devem acompanhar o que a criança posta, quem ela segue e observar o histórico de

pesquisa.”

Para a psiquiatra, os pais também devem orientar os filhos a não passar informações. “Não é seguro compartilhar dados, fotos, endereço da casa ou falar onde estuda.”

Saiba como agir

1 Estabelecer tempo limite

  • A criança ou adolescente não deve dedicar todo o seu tempo livre aos jogos e deve ser incentivada a outras atividades, principalmente ao ar livre.

2 Monitorar o conteúdo

  • Os pais precisam saber qual é o tema do jogo, se é violento, tem cenas perturbadoras e se é adequado para a idade do filho.

3 Instalar os jogos no celular

  • Dessa forma, os pais conseguem entender o jogo e percebem se evolui para cenários violentos.

4 Ficar atento ao bate-papo

  • Adultos podem entrar em espaços de bate-papo para desafiar crianças em atitudes perigosas, que não têm nada a ver com o jogo.

5 Conversar sobre os perigos

  • Muitos adultos se passam por crianças no ambiente virtual e os pais precisam deixar isso claro para os filhos.

6 Estabelecer confiança

  • A criança tem que se sentir confortável para contar aos pais que está em risco, sem medo de ser castigada.

7 Observar comportamento

  • Mudanças no comportamento podem indicar que as crianças estão em situação de risco.

8 Aconselhar sem ameaçar

  • Algumas crianças não falam com os pais que estão sendo ameaçadas nos jogos, porque têm medo de ser reprimidas ou proibidas de jogar.

9 Participar da vida on-line

  • Os pais devem acompanhar o que a criança posta nas redes sociais, quem ela segue e observar o histórico de pesquisa.

10 Instruir a não passar dados

  • Deixar claro que não é seguro passar fotos ou endereço da casa.

Fonte: Especialistas consultados.

COMPARTILHE
Noticias Relacionadas: