Improviso no lugar de sinalização em Santa Maria de Jetibá
Comércios utilizam cones para reservar o espaço de carga e descarga na Av. Frederico Grulke. Foto: Vinícius Vilwock/Nova Notícia
Por Domicio Faustino
A falta de sinalização nas ruas de Santa Maria de Jetibá tem gerado uma série de confusão no trânsito da cidade. A população e os comerciantes enfrentam desafios diários para estacionarem, pois há poucas identificações de espaços exclusivos para carga e descarga, motocicletas, táxis e área livre para todos os demais carros.
Vários comerciantes improvisam sinalizações, com cones, fitas zebradas e até mesmo cadeiras plásticas, para garantir o espaço de chegada e saída dos produtos dos estabelecimentos. No entanto, esta atitude deixa moradores indignados com a situação.
“Me sinto prejudicado, pois com os cones e as cadeiras eles acabam ocupando vagas maiores do que precisam. Para comprar algo na rua temos que ficar rodando várias vezes para tentar encontrar uma vaga ou parar o carro muito longe de onde precisamos”, afirma Rodrigo Rodrigues (25 anos), morador de São Sebastião do Meio.
Outros improvisam até com caixas para verduras. Foto: Vinícius Vilwock/Nova Notícia
Assim como Rodrigo, a servidora municipal Joseli Cristina Moreira (30), afirma que infelizmente acha um absurdo a atitude e que já não respeita mais as demarcações com cadeiras. “A cada dia que passa está mais difícil encontrar uma vaga para estacionar no Centro da cidade, em frente dos comércios existem cones e até mesmo cadeiras demarcando vagas para carga e descarga. Acho um absurdo!”, comenta. Para ela “falta mais empenho dos comerciantes junto às autoridades competentes para fazerem a devida sinalização”.
O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Santa Maria de Jetibá (ACE), Fredy Berger, disse que a falta de sinalização adequada também atrapalha muito os comércios. “Usar esse espaço para carga e descarga durante todo o dia não é um privilégio, é uma necessidade”, disse. “A respeito da nova sinalização de onde deveria ser, aonde deveria haver carga e descarga, orientações a respeito de táxis… tudo isso foi discutido na época (da obra de asfaltamento) e o pessoal ficou dois dias com os engenheiros e foi assim tratado tudo o que nós queríamos e até o momento o Governo do Estado não cumpriu o que havia sido pedido”, complementou.
“Certo dia fui em um Supermercado e havia uma vaga próximo do mesmo demarcado indevidamente, infelizmente tive que retirar as cadeiras para não ser prejudicada, mas acho um tanto chato ter que fazer sempre isso, uma vez que com a devida sinalização ficaria bem mais fácil”, comenta Moreira.
Para a empresária Edneia Stange Guilherme, a falta de demarcação correta em frente ao seu supermercado traz diversos transtornos. “Eu não coloco cones para demarcar o espaço, mas como o fluxo de carga e descarga é intenso, os caminhões, em diversas ocasiões, fazem fila dupla para descarregar as mercadorias, pois em frente ao supermercado fica repleto de motos estacionadas, dificultando até a entrada dos clientes na loja”, relata.
Ela ainda disse que já protocolou diversos pedidos solicitando a devida sinalização para evitar os transtornos no trânsito próximo ao seu comércio. “Protocolei por diversas vezes pedidos na prefeitura para resolver essa situação aqui, tanto nesta gestão quanto na gestão anterior, mas ainda não resolveram. Antes de asfaltar havia uma sinalização e o povo respeitava, depois do asfalto, não sinalizaram mais e o problema voltou a acontecer. Não coloco cone ou outro tipo de demarcação pois a rua é pública, não tenho este direito”, afirma.
Foto: Vinícius Vilwock/Nova Notícia
Na última edição do jornal, a Prefeitura esclareceu que a responsabilidade da sinalização das vias é de responsabilidade do Departamento Estadual de Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES).
De acordo com a gerente de Engenharia e Estudos de Trânsito do Detran, Milene Nóbrega, está em fase final o processo de licitação para contratação de novas empresas que possam executar os serviços de sinalização viária. Os projetos para os municípios que não possuem trânsito municipalizado, como é o caso de Santa Maria de Jetibá, estão sendo finalizados pela equipe técnica do órgão. Estima-se que em cerca de 90 dias as empresas ganhadoras da licitação deverão iniciar os serviços.
Municipalização e estacionamento rotativo
Para Berger, o grande problema do trânsito em Santa Maria não é devido os espaços demarcados para carga e descarga, mas sim a falta de estacionamento adequado nas residências. “Hoje a gente tem uma lei de ocupação municipal que é ruim”, salienta. Por este motivo, as pessoas deixam os carros em frente de suas residências, na rua, atrapalhando a utilização dos espaços por clientes. Além disso, um alto índice de funcionários não deixa seus carros em casa e fazem da rua um estacionamento durante todo o dia.
Vagas para estacionamento sem sinalização na Rua Francisco Schwartz. Foto: Vinícius Vilwock/Nova Notícia
“Mais de 60% das vagas de estacionamento são usadas por funcionários de empresas, logo, o problema não são as vagas de carga e descarga, são as vagas usadas durante o dia como estacionamento de residência e as vagas também são usadas por funcionários de empresas como estacionamento”, comenta. “Que lugar na Grande Vitória, às 07h30 da manhã, os estacionamentos estão todos ocupados?”, questiona.
Para ele é necessário “doutrinar o trânsito” da cidade, mas como esta não é uma tarefa fácil, a saída mais viável seria municipaliza-lo e instalar o sistema de estacionamento rotativo e direcionar a verba para instituições como a Associação de Pais e Amigos Especiais (APAE) e o Hospital Concórdia. “Mais certo seria a rotatividade com um o valor simbólico das 7 horas da manhã até as 17 horas”, sintetiza.
