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Infância perdida

Coluna Pedagógica - 4 de agosto de 2019

Se seu filho tiver uma vida longa e próspera e puder chegar aos 80, 90 ou mais anos, ainda assim ele terá vivido apenas 06 anos na primeira infância, sendo inegável afirmar o impacto dessa fase para o seu presente e a vida futura. Uma infância ocupada com horários cronometrados, aulas de judô, caratê, inglês, natação… e tantas atribuições, leva a criança a não ter tempo de ser criança. Olhe nos olhos dela e pergunte: você está feliz? Não se pode negar a contribuição desses espaços, mas cuide para que ela tenha tempo para o “fazer nada”, explorar sua criatividade, imaginação, organizar suas próprias brincadeiras e ser apenas, na prática, o que ela é de fato, uma criança. Entender a criança em sua lógica de infância e não como um adulto em miniatura, é um processo diário de reflexão da família e do espaço escolar infantil. Os espaços de creche e pré-escola devem servir aos interesses primordiais da infância, visando um desenvolvimento amplo, integral. Se basearmos nossos espaços conforme o interesse de algumas famílias, apenas na cultura de leitura e escrita, estaremos em risco de deixar a educação vazia. Quantas crianças, na primeira infância, são tão habilidosas quanto sua coordenação e já escrevem e, algumas, até já sabem ler sem mesmo entenderem o processo, a função da escrita. Porém, olhando as habilidades socioemocionais – como lidar com as emoções, com o outro, a empatia – elas não estão desenvolvidas. A educação não deve ser meio para competição (meu filho com tal idade, já sabe ler, já sabe escrever…) nem mesmo para antecipação de conteúdos. A criança se apropria do universo escrito através de poesias, reconhecimento de si e do outro, de apresentações teatrais, artes, músicas, histórias… um processo natural, dinâmico e diversificado que a coloca no centro do planejamento. Quantas crianças deixam de brincar por a família não lhes permitir que sujem a roupa; porque são grandes e só podem fazer coisas de gente grande? A educação infantil é viva, é ampla e não se restringe à cultura escrita! Não se preocupe, ela irá ocorrer de forma natural! Não estamos a serviço do Ensino Fundamental, estamos a serviço da criança! Elas estão ocupadas demais, sem tempo para ser criança. Quais as memórias da sua infância? Quais as memórias que seu filho irá ter? Apenas pense!

Por Elânia Casagrande

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