TRÊS MUNICÍPIOS CAPIXABAS SEMPRE ELEGERAM PREFEITOS POMERANOS

Por: Jorge Küster Jacob

Fortalecer a identidade cultural de um povo ou grupo étnico é ocupar cargos e poderes públicos na sociedade, no município, no estado, na nação, no sindicato, no clube, na associação, na igreja, em todas instituições, de uma forma geral. Um povo pode fortalecer-se através de cargos de decisão em qualquer instituição pública ou privada. Ser diretor, prefeito, vereador, governador, deputado, senador, secretário municipal, estadual, ministro, diretor de empresa, entre outros centenas de cargos e ter a sensibilidade e capacidade para administrar projetos para fortalecer a identidade cultural seu povo. Infelizmente a grande maioria não tem essa sensibilidade política ou capacidade criativa de exaltar as manifestações típicas ou tradicionais da sua etnia ou, no caso, município.

O pomerano é um povo que historicamente sempre foi excluído das políticas públicas. Explorado. Discriminado. Perseguido. Humilhado. Confundido. Expulso. Usado. Servo. E até torturado. Perseguido e confundido como nazista. Proibido de falar sua língua. Sua história não faz parte dos livros didáticos. Sua cultura recentemente entrou nas igrejas ou salas de aula.

A Pomerânia nunca chegou a virar um país, nação ou federação. Foi província, teve distritos e até municípios. O pomerano no Feudalismo foi servo. Na idade moderna foi sem-terra. Foi uma província da Prússia, da Confederação Germânica e por último da Alemanha. Quando foi extinta e teve mais de 80% do seu território entregue a Polônia como tratado de fim da II Guerra Mundial. Na fuga mais de 500 mil foram mortos por soldados poloneses. Teve diversas oportunidades e condições de virar uma pátria. Faltou liderança política e cultural na época e talvez um exército.

A industrialização na Europa expulsava os pomeranos para o 3º mundo pois na Europa eram sem-terra, agricultores familiares, desempregados, diaristas, alfaiates, marceneiros, artesãos do Século XVIII ao XIX. Os pomeranos não vieram para o Brasil como aventureiros ou investidores. Vieram matar a fome. Assim o único caminho era a imigração para o Brasil. Sonhavam com um pedacinho de terra para plantar. “Terra que jorrava leite e mel”.

Aqui no Espírito Santo as duras penas conseguiram desenvolver e contribuir com a identidade cultural e econômica capixaba e brasileira. A Pomerânia não existe mais na Europa. Mas aqui no Brasil existe uma Pomerânia. A Pomerânia é Brasileira. A Pomerânia é Capixaba. É gaúcha, catarinense e mineira. É amazônica. Único lugar no mundo que preservou sua língua, culinária, arquitetura, dança, música, vestimenta, religiosidade, ritos, mitos, artesanato, entre outras manifestações tradicionais deste povo que hoje viram livros, filmes, músicas, programas de rádio, sites, teses, história que enriquecem nossas redes sociais. Enrica a cultura brasileira. O pomerano é um povo tradicional brasileiro (Decreto, 6.040, do presidente Lula, 7 de fevereiro de 2007).

Vila Pavão, Laranja da Terra e Santa Maria de Jetibá politicamente hoje são os únicos municípios do mundo que sempre elegeram prefeitos pomeranos. Levando em consideração ser a maioria da sua população nesses municípios pomerana. Considerando também ter dezenas de manifestações típicas. Se bem que não basta ser prefeito pomerano ou ter essa identidade mas também é preciso estar sensível e ter essa identidade política cultural pomerana e assim fazer algo de concreto pelo seu povo. Espaços, projetos, ideias, iniciativas para isso existem. E muitas.

Os pomeranos no Espírito Santo, Rondônia e Minas Gerais são os mais autóctones do mundo. Eles têm a identidade mais original em suas dezenas de manifestações típicas. Antes de tudo vale a pena destacar os imigrantes germânicos que desembarcaram no Espírito Santo durante o século XIX, mais de 75% eram da Pomerânia. Os outros menos de 25% eram de Tirol, Hunsrüker, Hesse, Luxemburgo, Saxônia, Holanda, Suíça, Bélgica, Meclemburgo, Bavária, entre outros. Então, num processo de miscigenação, aculturação da grande maioria pomerana, houve uma pomeranização dos grupos menores. Assim hoje é comum um holandês, um suíço, um belga, um bávaro, um hunsrüker no Espírito Santo falar pomerano e praticar todas manifestações deste povo. Aliás, até negros, italianos e portugueses nas comunidades pomeranas capixabas falam e “viraram pomeranos”. No sul do Brasil, SC e RS esse processo foi o contrário. ”Viraram Hunsrüker”.

Então, no Espírito Santo tivemos uma espécie de “unificação pomerana” no sul do Brasil tivemos uma “unificação hunsrüker” durante esses mais de 160 anos de imigração pomerana no Brasil. Essa “unificação interna pomerana” e sem projeto ou lei foi tão forte que é comum ver outros descendentes germânicos falar a língua pomerana. Assim as famílias holandesas Boone, Louwers, krijger, La Gasse, Valkenier, entre outros de origens holandesa também sofreram esse processo de pomeranização. É muito comum integrantes dessas famílias germânicas falarem a língua pomerana e juntos praticarem as manifestações culturais pomeranas na dança, na culinária, no tradicional rito do casamento e outras.

Para definir a identidade de um povo podemos pesquisar pelo sobrenome e reconstituir a sua história e identificar a sua origem. Também podemos analisar pela língua falada e outras manifestações praticadas. O presidente Lula usou um decreto (6.040, de 07 de fevereiro de 2007) para criar os povos e comunidades tradicionais no Brasil, onde o critério básico é auto definição. A nossa metodologia será pelo sobrenome e outras manifestações típicas e esse processo de “Unificação Pomerana” naturalmente. Vale a pena ressaltar que os pomeranos também não são alemães porque quando a Unificação Alemã ocorreu em 1871, os pomeranos já estavam no Espírito Santo desde 1959.

Atual Gestão Municipal de Vila Pavão (2021 a 2024)

Prefeito: Uelikson Boone – pomerano

Vice – Vantuil Schraiber: – pomerano

Chefe de Gabinete: Charliane Bienow Miranda – Pomerana

Procurador Jurídico: Weverton Gueis Rodrigues – italiano

Controlador Interno: Ailto dos Santos Souza – Português/afro

Secretaria de Finanças e Orçamento: Valdecir Berger – Pomerano

Secretaria de Obras e Serviços Urbanos: José Henrique Martins – Português

Secretaria de Cultura e Turismo: Libian Timm Paganoto – Italiana

Secretaria de Administração e Recursos Humanos: Edson Gums Mielke – (interino) – Pomerano

Secretaria de Agricultura: Gecimar Rodrigues – italiano/português

Secretaria de Assistência Social: Rúbia Jonath Schraiber – Pomerano

Secretaria de Desenvolvimento Econômico: Edson Gums Mielke – pomerano

Secretaria de Educação: Jorge Kuster Jacob – Pomerano

Secretaria de Esporte e Lazer: Vantuil Schraiber – Pomerano

Secretaria de Saúde: Elaine Maria Trancoso – afro

Secretaria de Meio Ambiente: Marilza Klitzke Durães. – Pomerano

Da atual administração de Vila Pavão, 62.5 % é pomerana. 18.7% é italiana e 18.7 afro/português. (10 Pomeranos; 3 italianos e 3 afros/português).

Em seguida o nome dos prefeitos na histórias dos três municípios politicamente mais pomeranos no mundo atual:

Santa Maria de Jetibá:

1 – Helmar Potratz, -1989 a 1992.

2 – Edson Berger, – 1993 a 1996.

3 – Hilário Roepke, – 1997 a 2000.

4 – Helmar Potratz, – 2001 a 2004.

5 – Hilário Roepke, – 2005 a 2008.

6 – Hilário Roepke, – 2009 a 2012.

7- Eduardo Stuhr, – 2013 a 2016.

8 – Hilário Roepke, – 2017 a 2020.

9 -Hilário Roepke – 2021 a 2024;

Vila Pavão:

1 – Erno Júlio Dieter – – 1993 a 1996;

2 – Eraldino Jann Tesch – 1997 a 2000

3 – Eraldino Jann Tesch – 2001 a 2004;

4 – Ivan Lauer – 2005 a 2008.

5 – Ivan Lauer – 2009 a 2012;

6 – Eraldino Jann Tesch – 2013 a 2016.

7 – Irineu Wutke – 2017 a 2020;

8 – Uelikson Boone – 2021 a /2024

Laranja da Terra:

                        1 – Dorico Keffler –  1989-1992

2 – Cláudio Pagung – 1993-1996

3 – Waldemiro Seibel- 1997-2000

4 – Claudio Pagung – 2001-2004

5 – Cláudio Pagung – 2005-2008

               6 – Joadir* Lourenço Marques – 2009-2012

              7- Joadir* Lourenço Marques – 2013-2016;

8 – Josafa Storch – 2017 – 2020

9 – Josafa Storch – 2021 – 2024

• A mãe é pomerana (O prefeito fala pomerano).

Outros municípios que no Espirito Santo elegeram pomeranos porem tiveram outras etnias em algumas gestões. Domingos Martins, Itaguaçu, Itarana, Santa Leopoldina, Pancas, Afonso Claudio, Vila Valério,

Em Aimorés(MG) tivemos Rudy Piper por dois mandatos e em Espigão do Oeste (RO) tivemos Arlindo Detmann uma vez.