A AGRICULTURA BIODINÂMICA II
Por: Roberta Tressmann
Para combater o inimigo escondido sob a floresta era necessário desfolhá-la; para isso foi desenvolvido o Agente Laranja. Após o Agente Laranja, onde um dos princípios ativos era o 2,4D (ácido diclorofenoxiacético), ainda hoje usado em pastagens, surgiram outros herbicidas. Isso gerou uma revolução na utilização de mão de obra pela agricultura, onde um litro de produto podia substituir o trabalho de dezenas de trabalhadores/ras, possibilitando a expansão das áreas cultivadas com monocultura e causando o despovoamento do meio rural.
Na década de 1970 completou-se o pacote de insumos químicos: adubos, inseticidas, fungicidas, herbicidas além das variedades modernas… Tal foi a expansão do uso dessa tecnologia que ficou conhecida como “modo convencional” de produção, se incorporando nas mentalidades dos/das agricultores/as, agrônomos/as e dos planejadores/as.
O “modo convencional” de produção alcançou todos os quadrantes geográficos do planeta, o mesmo ocorrendo com a poluição industrial.
Com isso, os problemas ambientais também se generalizaram pelo mundo, resultando num grande número de reações que buscavam o desenvolvimento de modos de produção mais naturais ou pelo menos de menor impacto. Tais reações surgiram simultaneamente em vários países, e entre as décadas de 1920 e 1940 organizaram-se os primeiros movimentos como o Biodinâmico, Orgânico e Natural. Esses movimentos apontavam em outras direções, identificando falhas na proposta dominada pela química e, dessa perspectiva, propunham-se a desenvolver outras soluções, com base numa convivência em harmonia com a natureza, alinhando o conhecimento científico atual com a sabedoria ancestral.
A Alemanha, berço da Química Agrícola, foi também o local de nascimento da mais antiga das escolas de agroecologia, a Agricultura Biodinâmica, cristalizada em 1924 pelo filósofo austríaco e fundador da Antroposofia, Rudolf Steiner (1861-1925).
Segundo Steiner, Antroposofia é a “ciência do espírito”, e pode ser caracterizada como um método de conhecimento da natureza do ser humano e do universo, que amplia o conhecimento obtido pelo método científico convencional, bem como a sua aplicação em praticamente todas as áreas da vida humana. É um caminho que busca a verdade e pretende preencher o abismo historicamente criado entre fé e ciência. Ela é apresentada sob forma de conceitos que se dirigem à capacidade de pensar e à sede de conhecimento e compreensão do ser humano moderno.
A Antroposofia é uma ciência espiritual que tem como pedra fundamental o ser humano, que busca conhecer-se a si próprio e a natureza através de uma visão suprassensível da realidade do mundo e de seu próprio destino, sendo nossos instrumentos de conhecimento: o pensar, o sentir e o querer.
