Sou otimista e realista
Por Carlos da Fonseca, diretor do Jornal Nova Notícia.
Eu não queria escrever sobre política nesta edição. Melhor, eu não queria escrever sobre politicagem, mas não tem outro jeito. É que temos vivido tempos bem difíceis no Brasil, uma sequência que deu um esquema político e social que, de ruim, tem vindo a se esboroar. Agora, pode-se dizer que chegamos ao fundo do poço porque o fundo lamacento e as paredes enormes, tão altas e escuras, não nos permitem enxergar uma luz sequer.
Quem me lê pode até achar que sou pessimista. Devo dizer que não sou. Aliás, eu sou otimista e realista. Já disse isso, aqui! É nessa que estou e me considero. Afinal, um país com uma economia enormemente deficitária; com uma classe política medíocre, corrupta e egocentrista; com um empresariado inerte e em alguns casos corrupto; um sistema bancário agiotista; uma administração pública pesada, em boa parte amadora e enormemente gastadora; um povo carente de educação, saúde, renda, segurança… e uma constrangedora desigualdade social, não pode, nos dias de hoje, ser de um país em que o seu povo se sinta confortável.
O meu realismo se assenta nisso, não pessimismo. E o otimismo vem do fato de o povo não se sentir confortável e, mesmo assim, continuar sendo trabalhador, humilde e sereno! Outro que fosse já se teria rebelado porque, afinal, o descalabro que aí está, a incerteza do porvir, além da crescente onda de insegurança e o regabofe em que navegam as elites, e os caras de pau que as culpam, já o justificava! Agora só no voto. Mas… em quem? Aí reside um grande problema: é que no cenário que os partidos políticos nos apresentam só tem mais do mesmo…